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Duas partes de nada

by Jameiratron

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1.
ortsnom 02:02
2.
Monstro 03:52
monstro ser difuso de aparente conflito interior permanente mente deixada indiferente inadaptado e trancado num tempo que não é futuro presente ou passado indiferente ao que te passa ao lado já não sei quem és tu pois de resto o que eu vejo é o teu monstro é o teu monstro não há nada de sagrado em ti o que persegues já vivi repudias a sorte audaz numa luta que se faz sem honra procuras o resto do homem que foste nas sombras sobras de outra aurora já não sei quem és tu pois de resto o que eu vejo é o teu monstro é o teu monstro eu não mudei o que sou
3.
Enterro 04:14
enterro não esperem por mim corro noutro passo não sou como tu nunca serei um escravo do que esperam não faço o que tu fazes por quem mudou tudo o que tu eras enquanto me vou eu nunca sarei todas as minhas chagas aceito-me na impureza não limpei deixa que arda não sou como tu corro noutro passo não faço o que tu fazes por quem mudou tudo o que eras não sou como tu (não sou como) não sou como tu (não sou como)
4.
aruc 00:59
5.
Cura 04:01
cura padece ao acordar da urgência do respiro parece nunca alcançar o conforto do abrigo completo fracassar na virtude do sentido violento arrastar já sem se sentir vivo padece ao deitar da ausência do jazigo parece nunca curar a ferida do umbigo discreto acabar repetir o mesmo início violento continuar a caminho do precipício não há vacina pra'quilo que sinto não há recobro neste sanatório não há vacina prá'quilo que sinto não há recobro neste sanatório
6.
Necrófagos 04:16
necrófagos renego a saudade recuso a vaidade de quem se dá ao luxo de sentir porque quem sente ainda não perdeu tudo e eu já sigo sem ter onde ir caiem corpos em debandada na abundância da orgia do império sensorial quando já não resta nada serena a euforia disfrutamos do banquete visceral necrófagos necrófagos necrófagos
7.
ocrap 01:56
8.
Parco 03:31
parco sou feito de nadas parco em sentido oco nulo inerte ao medo submetido rastejo neste lodo por vezes impedido tudo à volta fede futuro omitido mais um dia em formol mais um dia em formol mais um dia em formol mais um dia em formol mais um dia em formol mais um dia em formol em formol
9.
Máquina 04:20
máquina de doença vala comum tanta demência cemitério de inteligência dar o peito às balas em jejum cair em decadência glorificação de aparências repúdio repúdio repúdio repúdio o teu rebanho de mentes vazias manipulação de agonias amontoam-se os cadáveres nessa fossa de ignorância despropositada importância repúdio repúdio repúdio repúdio máquina de doença máquina de doença máquina de doença máquina de doença máquina de doença máquina de doença de doença de doença de doença de doença de doença
10.
Réquiem 04:18
réquiem "quantos infelizes, ainda hoje o seriam, se tivessem sabido a tempo, té que ponto o eram" samuel beckett - fragmentos de teatro II quero drenar-te a jugular para aliviar este mundo cortar bem fundo para não sarar deixa de estorvar vagabundo espelho confidende falso reflexo sujo tez de alma doente sabe do que fujo confronto o que vejo controlo o meu fado doce desejo farto terminado mártir de mim próprio não procuro redenção neste amargo ópio o abismo é salvação e o conforto do vazio há-de chegar já lhe sinto o cheiro alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim divago no absurdo à procura de respostas entre o que penso e o que digo encontro o virar das costas viro as costas à cruz abraço a escuridão contemplo o final da luz aceito a minha lição alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim alguém me salve de mim
11.
Lupercais 04:15

credits

released January 1, 2022

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Jameiratron Lourinhã, Portugal

duas partes de nada, sucumbem ao inconformismo da criação

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